Sobre tua escrita

Olho para tua escrita

E já sinto aversão:

Tanto lugar-comum:

Formas desmatadas:

Desgastadas:

Nada novo

Nenhuma ousadia:

Formas infantis:

Infalíveis clichês,

Causadores de dores:

 Desde ao grande

Até ao pequeno.

Tudo compreensível

Acreditando

Que tudo é profundo,

(Até a mais profana

Vã aliteração

E as mais cômicas

Rimas-participiadas)

Mesmo quando vivemos

Na maré-baixa.

Cadê teu gosto pelo exótico?

Sabor próprio?

Leio teu texto e já penso:

“A mesma coisa

Já hei de ter lido

Em outras bocas;

Outras canetas;

Outros esquecidos

Escritores,

Assíduos e

Carrancosos,

Que tanto não tenho

Telúrio sentimento

Porque não existem senão

Em suas covas”

Falta-te o colorido revolucionário

E o estranhamento inato à palavra.

Pondere.

- Joaninha