Reflexo
- àliteração.

- 18 de fev. de 2018
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Olho-me no espelho para entender os outros. Por mais que remeta ao narciso, olhar-se no espelho é na verdade a posição máxima de empatia, porque quão melhor poderia alguém posicionar-se no lugar do outro do que quando olha para si mesmo como que olhando para outro corpo. Vejo-me com estranhamento, porque mesmo sabendo que sou eu não me reconheço e assim vejo-me como provavelmente me veem. Notando o que em mim percebem e o que por mim passa despercebido, porque talvez de todos os rostos do mundo o que eu menos conseguiria descrever é o meu próprio. E por isso é sempre curioso me olhar. Para ver quem eu sou. Para ver o que as pessoas veem do que sou. E por muitas vezes já me olhei em negação, não me identificando comigo mesmo e é nessas horas que se sabe que algo tem que mudar. E mudo. Constantemente mudo. Sendo eu mesmo em todas as vezes, mas visivelmente diferente, porque de nada importa a alma quando o que se vê é o corpo. Então ser eu significa pertencer a este corpo, porque se em outro já não seria eu mesmo, seria outro, mesmo que o mesmo.
- ninguém




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