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- àliteração.

- 18 de mai. de 2018
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A menina estava se admirando no espelho. Olhava as sardas, que se multiplicaram com o passar do verão. Observava os cabelos, caindo-lhe pelos ombros, fortes e negros, brilhantes contra a luz que vinha da janela. Notava os seios, cada vez mais presentes, o contraste que a funda linha de sua clavícula formava, comparado à eles. E como que em um lampejo mágico, talvez pela primeira vez em toda sua adolescência, ela se achou bonita. Feliz, sorriu. Mal aproveitando a nova e deleitosa sensação, em um barulho seco, a porta de seu quarto abriu-se, revelando seu ato de apreciação própria. A garota gritou de susto. Seu pai riu, com escárnio, regozijando-se na cena à semelhança do conto de Narciso que encontrara. - Um pouco estranho o que fazes, não? Ela nem conseguia olhar o pai nos olhos. Como que se no ato de ver-se como objeto de beleza e estética, morasse algo vergonhoso e que deve ser reprimido. A menina sentiu culpa.
- Indarra




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