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- àliteração.

- 18 de abr. de 2018
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Girando em um ritmo desacelerado estava o disco que emitia notas calmas e sinceras. Na sala se encontravam Sônia e sua sobrinha mais velha, Cláudia. Sônia sentada no banquinho simples da cozinha tinha nos olhos um brilho inexplicável que acompanhava os últimos giros do disco. Aos sons das notas finais, Cláudia se levantou e foi até o toca discos. Antes de retirar o vinil se virou para a tia e disse numa fala mansa:
-Bonita a música, não?
A tia saiu do seu torpor num sobressalto e exclamou:
-Bonita? Ora, bonita é uma música qualquer, essa é... é...
Faltava-lhe palavras. Hesitava sem querer fazê-lo. Existem palavras que se escondem, que se recusam a serem pronunciadas por significar demais para nossos ouvidos cansados de palavras soltas.
Foi Cláudia que completou seu raciocínio:
-É bela, tia.
-Sim, minha querida. É bela.




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