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  • Foto do escritor: àliteração.
    àliteração.
  • 17 de fev. de 2018
  • 1 min de leitura
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...teve também aquela vez quando eu dialoguei com menino que tinha uns 3 anos, talvez 14.

Ele me disse que gostava de apanhar dos pais.

- Como assim, porque alguém na Terra, no Céu ou no Inferno gostaria disso.

- É um tipo de preparo, o que eles fazem

- Você gosta de levar bofetada dos seus pais?

- Quero dizer, é claro que machuca na hora, mas o mundo vai acabar me machucando de qualquer forma. Fica bem melhor se eu já tiver preparado.

- Moleque, isso não faz o mínimo sentido

- Veja bem, toda vez que eles disparam a palma da mão contra mim, como se fosse um tipo de cassetete, a única coisa que eu penso, ou tento pensar é "bom trabalho", "bom trabalho". No mundo, ficar com a bochecha vermelha não é nada se comparado as dores que o ser humano ordinário passa no dia a dia. Decepções, desilusões, tristeza, raiva são só tipos diferentes de socos e chutes. Consegue ver algum sentido agora?

- Bem, talvez eu entenda o que você quer dizer - eu disse, desviando o olhar para alguma direção onde isso tivesse alguma lógica. Foram uns dois terços de segundo até eu ver as peças se encaixarem. Eram meio frágeis, mas se encaixavam.

Voltando a minha atenção para o crianço, vi lentamente a sua mão voar num jato supersônico em direção à superfície porosa levemente desconfiada. Ele deu um tapa na minha cara.


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© 2018 por àliteração. Felipe Penteado, Lucas Felpi, Mariana e Sara Nassif.

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