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Eu entrei em contato com Ele. Diferente dos fanáticos religiosos que alegam que o ‘sentiram’, eu realmente o enxerguei, com meus próprios olhos. O Senhor, o ser supremo do universo, chame do que quiser. Vi o modo que Ele trabalha, e entendi o porquê Dele preferir ocultar as suas formas de agir.

Ele usava um terno e gravata e sapatos sofisticados, ou uma manta de seda e chinelos, talvez uma camisa social, jeans e tênis esportivos. Tinha um rosto velho e sábio, mas que também era jovem e ingênuo.

Ele sabia tudo sobre todos, sobre todas as realidades ambíguas entre si e poderia mudar a qualquer momento algo que não o agradava, mas não o fazia porque ele precisava de um controle remoto para fazer isso, só que o controle estava na mesa de centro da sala de estar, e ele estava deitado no sofá, com preguiça de levantar e pegá-lo.

Por isso, ele já fazia uma seleção dos canais que iria ver, programava cada realidade de modo que servisse a Ele. Todas as guerras, o ódio, a violência, as amizades, o amor, as trepadas e as gozadas, tudo minuciosamente planejado para agradar Suas vontades. Ele sabia o que cada forma de vida pensava, e usava isso a seu favor.

Ele não tinha um nome, já que o cartório tinha esquecido de imprimir sua certidão de nascimento, então deixou os pedaços de carne e ossos o escolherem. Apareceu em diversas formas (muitas vezes conflitantes entre si) e deixou a carne e os ossos se destruírem para descobrir qual de seus nomes era o mais bonito.

As cervejas que ele tomava nos sábados à noite eram acompanhadas dos sangue daqueles que ingenuamente morreram por Ele, e Ele não se importava, na verdade falava que isso deixava a breja com um gosto melhor.

Parecia ser um cara bem legal

- Felipe Penteado